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Dilma se reúne com ministros dos Brics em processo para assumir presidência de banco

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) fez reuniões virtuais com ministros de Finanças dos países dos Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). As sabatinas com as autoridades estrangeiras fazem parte do processo de nomeação da ex-mandatária para a presidência do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), instituição financeira criada pelo grupo.

Os ministros de Finanças e pastas equivalentes dos Brics —entre eles o brasileiro Fernando Haddad (Fazenda)— fazem parte do Conselho de Governadores do NDB, a mais alta instância decisória do banco e colegiado responsável pela designação do presidente da instituição.

Ao assumir a presidência do NDB, Dilma deverá receber um salário superior a US$ 50 mil mensais (equivalente a R$ 257 mil), de acordo com pessoas com conhecimento das negociações. O NDB é presidido de forma rotativa pelos países dos Brics, e o mandato do Brasil vai até 2025.

A expectativa de integrantes do governo brasileiro é que Dilma possa concluir os ritos formais até o fim de março, quando ela deve acompanhar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em uma viagem oficial à China.

A equipe da ex-presidente confirmou à Folha que a rodada de reuniões, realizadas por videoconferência, foi concluída na terça-feira (7). Na semana passada, ela havia conversado com os ministros das Finanças da China, Liu Kun, e da Rússia, Anton Siluanov.

Nas conversas, Dilma fez uma apresentação em que expôs sua visão sobre o papel do banco e os desafios da instituição nos próximos anos.

Além dos países fundadores do banco —os integrantes dos Brics—, o NDB também tem como sócios os governos de Bangladesh e Emirados Árabes Unidos, que se incorporaram recentemente ao órgão.

A designação de Dilma para o comando da instituição que financia projetos de infraestrutura nos países dos Brics envolve uma operação para retirar da entidade o atual presidente, Marcos Troyjo.

Indicado em 2020 pelo ex-ministro Paulo Guedes (Economia), Troyjo deveria permanecer no posto até o fim do mandato brasileiro. Mas sua proximidade com o governo Jair Bolsonaro (PL) e a disposição de Lula de emplacar sua aliada no cargo tornaram a permanência de Troyjo insustentável.

Para dar lugar a Dilma, ele pode ser destituído pelo Conselho de Governadores ou renunciar ao cargo. Pessoas que acompanham o tema no governo brasileiro dizem que Troyjo não deve criar obstáculos para a substituição.

Requerimentos

Há ainda a previsão de discussão e votação de nove requerimentos. Entre eles, está o de autoria do relator, deputado Hermeto (MDB), que “requer que sejam disponibilizados pela Advocacia Geral da União – AGU, cópia integral de todas as ações civis e criminais que tenham como polo ativo a AGU em decorrência dos fatos ocorridos no dia 8/1/2023 no Distrito Federal”.

Outro requerimento importante é o da coronel da Polícia Militar do DF, Cíntia Queiroz de Castro. Responsável pelo protocolo de ações integradas da Segurança, ela afirmou à Polícia Federal que a PM não se planejou para os atos de vandalismo. Deputados também devem fazer perguntas a ela sobre o 12 de dezembro.

Além disso, existem pedidos de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de investigados, requerimentos de cópias de relatórios de inteligência da Secretaria de Segurança do DF e um pedido para que o Exército passe para a CPI uma cópia das imagens das pessoas acampadas em frente ao QG da corporação até 8 de janeiro.

O colegiado investiga ainda a tentativa de invasão ao prédio da Polícia Federal na Asa Norte, em Brasília, em 12 de dezembro de 2022.

Fora da pauta

Com a ausência de Torres e mais tempo para debates, deputados pretendem incluir novos requerimentos na pauta do dia. Entre os documentos que podem ir a plenário se os membros da comissão concordarem está o pedido de convocação do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), o general Heleno Ribeiro Pereira.

O requerimento, assinado pelo deputado Fábio Félix (PSOL) cita a possibilidade de o próprio GSI ter colaborado com o planejamento dos atos que resultaram na depredação dos prédios e de obras de arte do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF.

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