A lista de unicórnios brasileiros ganhou mais um membro. Na mira do Procon pelo excessivo número de reclamações dos consumidores, a startup de compras coletivas Facily acaba de ser avaliada em mais de US$ 1,1 bilhão na extensão da rodada Série D.
O aporte de US$ 135 milhões — que sucede os US$ 250 milhões captados em novembro — foi liderado pela Goodwater e Prosus, com participação da Rise Capital, Emerging Variant, Tru Arrow, Spruce House, JS Capital, S7, Quona, Citius e Convivialité Ventures.
Ao modo de gigantes chinesas como Alibaba, WeChat e Pinduoduo, que também exploram o modelo de social commerce, a Facily foi pioneira em explorar o poder de barganha da compra coletiva na América Latina. “Somos a única empresa fora da China que conseguiu fazer funcionar esse modelo de social commerce”, diz Diego Dzodan, cofundador e CEO da Facily. “Nossa base é o compartilhamento. O que nos permite alcançar os menores preços do mercado.”
Diferentemente de concorrentes com foco em serviço, como o Peixe Urbano, a startup trabalha com um modelo de engajamento pautado em redes sociais e aplicativos de mensagem. Para que a compra do produto se concretize, é necessário que o grupo chegue a um mínimo de pedidos. Por isso, quem quer adquirir se esforça para engajar outros consumidores e garantir o preço baixo.
Presente em apenas nove cidades do Brasil, e ainda sem operação internacional, a startup já conta com um portfólio de 12 mil sellers e registra 15 milhões de downloads de seu aplicativo, dos quais 10 milhões são de usuários ativos. Até outubro, foram 7 milhões de pedidos registrados na plataforma — um crescimento de 46x em relação a janeiro. As categorias de produtos vão desde alimentos frescos, como frutas e verduras, a eletrônicos e decoração, passando por peças de vestuário.
O crescimento da Facily não veio sem dores, muita insatisfação um grave problema de imagem. A Facily foi a recordista de reclamações ao Procon em 2021, com mais de 60 mil queixas ao longo do ano, mostrou uma reportagem do Fantástico. Os problemas vão desde a má sinalização sobre a entrega dos produtos — não há frete, o consumidor precisa retirar a compra em pontos de distribuição —, o não reembolso de compras que não foram entregues e até pedidos com itens estragados ou já vencidos.
No mês passado, a empresa fechou um acordo com o Procon se comprometendo a indenizar os clientes prejudicados, reduzir o número de reclamações em 80% e criar um fundo de R$ 250 milhões para a reparação de danos ao consumidor e melhorias no serviço de SAC.
Melhor a má experiência do cliente é um dos objetivos da Facily. A nova rodada vai permitir investimentos na área de logística, além de fortalecer os planos de expansão da companhia em 2022 que mira um crescimento para outras regiões do país antes da internacionalização.
Com descontos agressivos, a startup atraiu principalmente usuários com baixa renda familiar, mas isso não impede a Facily de buscar outros públicos de pessoa física ou mesmo pequenos empreendedores daqui para frente. “Como oferecemos os menores preços do mercado, durante a pandemia muita gente que perdeu renda e sofreu com a inflação aderiu à plataforma. Mas nosso principal foco é ser uma referência de e-commerce para todo mundo”, diz o CEO.
A Facily foi fundada em 2018 por Dzodan, argentino que já ocupou o cargo de VP do Facebook para Latam, ao lado dos brasileiros Luciano Freitas (Uber, Airbnb) e Vitor Zaninotto. Até hoje, a startup já captou o equivalente a R$ 1,7 bilhão junto a investidores como Tiger Global, Monashees, Luxor Capital e Delivery Hero, entre outros.
Fonte: Pipeline Valor