Um jovem autista de 22 anos foi barrado, neste sábado (20), em uma estação da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), por estar acompanhado do cão que usa como apoio para situações de crise.
Arthur Skyler Santana conta que um segurança impediu ele e o cachorro Atlas de entrarem no terminal, mesmo após o jovem, que trabalha como adestrador de animais, apresentar o laudo médico, o cartão de vacinação do cão de serviço e citar a lei que garante o direito (veja detalhes mais abaixo).
“Eu disse que era autista, mas o guarda falou que o cachorro não era [autista]”, afirmou Arthur.
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O caso ocorreu na estação Central, que fica na Rodoviária do Plano Piloto. Em nota, o Metrô-DF disse que o usuário não foi impedido de entrar no sistema, mas confirmou à reportagem que Arthur precisou aguardar cerca de 20 minutos para ser liberado.
“Como o Regulamento de Transporte de Tráfego e Segurança (RTTS) não prevê transporte de cão de serviço, mas de cão guia, o segurança precisou checar as informações com a área responsável”, informou a companhia.
Arthur conta ainda que foi abordado no momento em que entrava no elevador que leva até a plataforma. O jovem disse que também apresentou a legislação impressa, mas, ainda sim, o profissional do Metrô insistiu em barrá-lo e disse que a legislação não se aplicava à companhia.
Apesar da suposta negativa de funcionários da estação de metrô, uma lei federal de 2012 estabelece que é um direito de pessoas no espectro autista de estarem acompanhadas por um animal adestrado.
Sobre o caso, o Metrô informou que “a equipe está sendo orientada para que o atendimento a casos análogos tenha respostas mais ágeis”.
Cão de serviço
O cachorro Atlas, da raça pastor belga de malinois, atua como um cão de serviço, diferente do cão-guia, que é usado para auxiliar pessoas com deficiência visual durante os trajetos.
“Um cão de serviço pode alertar uma crise e me guiar para um local calmo. Ele ainda pode pegar alguma medicação, caso eu precise”, afirma.
Outras funções do cão de serviço, segundo Arthur, são de pegar roupas, ajuda a comer e a se vestir, a depender da necessidade da pessoa. “Ele não me dá apoio emocional e sim ajuda a fazer tarefas específicas. O Atlas, por exemplo, aperta o botão do elevador quando eu não consigo, por estar sobrecarregado”, diz o jovem.
O adestrador Ricardo Textor também afirma que cães de serviço podem trazer remédios, alertar sobre crises e fazer outras funções, conforme a pessoa precise.
“Ele tem a função de substituir uma pessoa que estaria com o autista 24 horas por dia. Ele dá autonomia”, comentou.
Segundo o adestrador, um cão de serviço fica em “treinamento intenso” por cerca de dois anos.