Entenda por que ele ocorre e quando é hora de se preocupar com o famoso “hic”
O burburinho do ambiente diminuiu, a sala ficou em silêncio e, de repente, vem aquele sonoro “hic”. A cena, comum desde a época da escola, representa bem o que é o soluço, esse sintoma ligeiramente engraçado que, ao mesmo tempo, pode causar muito incômodo e constrangimento. Isso sem contar o fato de poder indicar problemas mais sérios quando ocorre com muita frequência ou de maneira persistente.
A seguir, você confere um guia rápido sobre o assunto. Embora não seja possível controlar 100 % o problema, a boa notícia é que dá sim para identificar as principais causas e para acabar com o problema quando ele aparece.
Por que soluçamos? Saiba as causas
O soluço, como todo mundo aprende na marra, é um processo involuntário. “É uma falta de coordenação do diafragma, músculo que divide o tórax do abdômen”, explica Dra. Débora Poli, médica gastroenterologista do Hospital Santa Paula. “É como se fosse um espasmo, uma contração fora do normal desse músculo”, completa. Com esses espasmos vem o fechamento da glote, que prejudica a passagem de ar para os pulmões, fazendo com que a gente emita o soluço.
Veja alguns dos principais estímulos associados a ele:
- Comer demais e muito rápido:exagerar na refeição leva a uma distensão do estômago, capaz de provocar movimentos anormais do diafragma.
- Tomar bebidas alcoólicas ou bebidas carbonatadas:também por levarem à distensão do estômago, bebidas como cerveja, refrigerante e mesmo água com gás podem gerar soluço.
- Dar muita risada:neste caso, o estímulo anormal se dá devido ao excesso de deglutição de ar.
- Misturar alimentos em diferentes temperaturas:comer alimentos muito quentes enquanto toma uma bebida muito fria também pode provocar espasmos involuntários do diafragma.
- Doenças gastrointestinais:refluxo, esofagite e laringite são algumas das doenças que costumam ter o soluço como sintoma.
De acordo com a Dra. Débora, ainda não se sabe exatamente quais são as causas dos espasmos. O que se sabe é que existe um nervo que controla os movimentos do diafragma e, por isso, “qualquer estímulo a mais pode gerar soluço”, diz.
3 dicas recomendadas para parar o soluço
Como os mecanismos que geram os soluços ainda não estão claros para a ciência, também é difícil falar em soluções infalíveis. No entanto, da mesma forma que, através de experiências e de observações, foi possível identificar alguns hábitos associados ao soluço, a ciência percebeu que medidas transmitidas desde o tempo de nossas avós também têm fundamento.
“São técnicas de aumentar o volume abdominal para alterar o estímulo do nervo ligado ao diafragma”, explica a Dra. Débora Poli. Ela cita as mais recomendadas:
- Prender a respiração por alguns segundos:o segredo está em respirar fundo antes, de preferência enchendo o abdômen em vez do peito. Feito isso, prenda a respiração pelo tempo que puder.
- Consumir algo bem gelado:uma dica é comer gelo moído. Assim você garante a temperatura necessária para alterar o estímulo do diafragma.
- Fazer gargarejos com água:no banheiro, vá fazendo gargarejos normalmente até que parem os soluços.
E o susto, funciona? Vai depender da intensidade, já que um susto pode liberar adrenalina, capaz de regular o funcionamento do nervo ligado ao diafragma. No entanto, a chance de isso realmente acontecer é pequena, não valendo o esforço de elaborar um plano para assustar alguém. Melhor ficar com técnicas menos emocionantes, mas mais eficazes.
Quando devo ir ao médico?
De maneira geral, mesmo sem o uso de táticas caseiras, o soluço costuma desaparecer dentro de alguns minutos e não representa danos à saúde. O problema é quando ele é persistente, chegando a durar mais de 24 horas.
Nesses casos, a recomendação é buscar orientação médica, já que o soluço é um sintoma associado a desde doenças simples, como o refluxo, até tumores, doenças neurológicas e traumas, como algum acidente que tenha afetado o diafragma.
Já se você não tem soluços prolongados, mas sofre com o problema dia sim, dia não, a ponto de incomodar, também pode procurar ajuda. “Na grande maioria, não encontramos nada de maior gravidade”, esclarece a médica. Mas ela diz que é possível receitar remédios específicos, para serem tomados durante as crises, que reduzem o desconforto.
Soluço em bebês
Apesar da frequente preocupação dos pais de primeira viagem, quando questionada a respeito do soluço em bebês, a médica descontrai e esclarece que “aí que o soluço é mais normal ainda! É algo esperado, e é muito mais comum no bebê do que no adulto”, diz.
Segundo explicou, Isso ocorre porque, mesmo depois do parto, o bebê ainda está em formação, incluindo seu sistema digestivo e neurológico, que estão ligados ao soluço. Por isso, não se preocupe caso seu bebê apresente soluços frequentes ou mesmo todos os dias. No entanto, se o problema persistir depois de um ano de vida, ou se estiver realmente criando dificuldades para a criança, vale consultar um pediatra. O refluxo gástrico pode estar por trás do incômodo.
O que fazer para parar e como evitar
Apertar o pulso do bebê, colocar uma fitinha em sua testa… “Tudo isso é crendice”, comenta a Dra. Débora. Como não é possível pedir que o bebê prenda a respiração ou faça um gargarejo, a saída, de acordo com a especialista, é esperar que o soluço passe naturalmente.
Como medida preventiva, fique atenta aos barulhos e ao ritmo da amamentação. Engolir muito ar ou mamar rápido demais são agravantes do soluço, por isso, caso note algo nesse sentido, procure encaixar a boca do bebê na auréola do peito em vez de somente no bico e faça pequenas pausas na amamentação, retirando o seio, sempre que achar que ele está indo com muita sede ao pote.
No geral, o soluço é apenas um incômodo que não merece maiores preocupações. Você deve procurar um médico apenas se o problema for persistente e estiver te afetando de alguma forma.
by: CARINE TEIXEIRA