A faixa etária de 0 a 19 anos representou 14% dos casos de Covid-19 em agosto no Distrito Federal. Esta é a maior proporção do grupo entre os contaminados por mês desde que o início da pandemia, em março de 2020, quando o percentual era de 3%.
Os dados são do monitoramento da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), divulgado na quinta-feira (9). O levantamento, feito com base nos registros da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), aponta que dos 20.236 infectados no mês passado, 2.925 são crianças e adolescentes – o número representa um aumento de 33,7% nos diagnósticos , a segunda maior alta neste ano, perdendo apenas para março, quando Brasília chegou ao pico de transmissão.
Do início da pandemia até o dia 9 de setembro houve 42.296 contaminados entre pessoas de até 19 anos. Apesar da alta nos casos, essa faixa etária ainda é minoria, tanto entre infectados quanto entre os óbitos. Mesmo assim, foram 14 mortes, duas delas em agosto.
A proporção de infectados entre adolescentes e crianças cresceu principalmente no segundo semestre deste ano, tendo crescimento acentuado, ao contrário das demais faixas etárias. Veja gráfico abaixo:
0 a 19 anos20 a 29 anos30 a 39 anos40 a 49 anos50 a 5960 a 69 anos70 a 79 anosA partir de 80 anosMarço 2020AbrilMaioJunhoJulhoAgostoSetembroOutubroNovembroDezembroJaneiro 2021Fevereiro 2021Março 2021Abril 2021Maio 2021Junho 2021Julho 2021Agosto 2021010203040
● 30 a 39 anos: 23,5
Contágio e vacinação
Desde o ano passado, pesquisas apontam que crianças podem contrair o vírus e desenvolver formas graves da doença, mas que esses casos são raros. Neste ano, novos estudos confirmaram os indícios, mas acrescentaram que crianças transmitem a doença menos do que os adultos.
Recente levantamento realizado nos Estados Unidos, publicado na revista Scientific Reports, aponta que a maioria das crianças e dos adolescentes infectados pode não apresentar sintomas típicos da doença como febre, tosse ou falta de ar.
Quanto à influência das escolas na transmissão, há pesquisas internacionais que indicam maior risco em casa do que no ambiente escolar. No entanto, as instituições públicas brasileiras tem características distintas.
A campanha de vacinação contra a Covid no DF atende atualmente adolescentes de 12 anos se tiverem comorbidades, além do grupo a partir dos 16 anos sem comorbidades. Eles recebem a vacina da Pfizer, único imunizante autorizado para uso nesta faixa etária no país.
Para crianças, a imunização ainda não tem prazo para ocorrer no Brasil. Em agosto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) negou um pedido do Instituto Butantan para incluir o público na faixa de 3 anos a 17 anos na bula da CoronaVac, por falta de dados sobre eficácia.
No entanto, os estudos realizados pelo instituto foram considerados suficientes em outros país, com aprovação para aplicação na China, no Chile e na Indonésia.
Covid nas escolas
Após as três primeiras semanas de aulas presenciais nas escolas públicas do DF, a Secretaria de Educação confirmou, em 21 de agosto, 89 casos de Covid. De acordo com a pasta, a maioria dos contaminados (23) são professores, seguidos por estudantes (17), faxineiras (7), merendeiras (2), vigilantes (2) e secretários escolares (1).
No comunicado, a pasta, diz que a rede pública de ensino tem 35 mil professores, quase 10 mil assistentes, 450 mil alunos e pelo menos outros 5 mil profissionais, entre vigilantes, merendeiras e faxineiras. Por isso, segundo a Secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, “89 infectados simboliza que a escola é um ambiente seguro”.
O levantamento da pasta considerou os casos registrados em 25 escolas. Já outra pesquisa, feita pelo Sindicato dos Professores (Sinpro-DF), apontou que havia pelos menos um caso de Covid em 97 escolas até sexta-feira (10).
Em coletiva de imprensa na sexta-feira (10), o subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero, foi questionado sobre a articulação entre a Secretaria de Saúde e a Secretaria de Educação na retomada das aulas presenciais e seus impactos. Ele respondeu que a pasta pretende lançar, em breve, um aplicativo para que diretores de escola possam compartilhar com a secretaria o número de infectados em cada unidade, mas não deu prazo para isso.
“[O aplicativo] é para que tenhamos uma resposta imediata caso qualquer uma das unidades escolares tenha um ou outro caso, para que tenhamos condições de saber o local, a condição, que tipo de resposta dar”, disse Valero.
by: MARCELA DE SOUZA