Entre o primeiro trimestre de 2019 e janeiro de 2021, a população pobre do Distrito Federal cresceu de 12,9% para 20,8% – o maior aumento percentual do país, segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE). A pesquisa considera que estão na faixa da pobreza as famílias com renda de até R$ 450 por mês por pessoa.
O economista Daniel Duque, autor do estudo da FGV, explica que um dos principais fatores que influenciaram no resultado do DF é o desemprego na região. “O DF é relativamente rico em relação aos demais [entes federativos], com isso, tem um percentual baixo da população que recebe qualquer tipo de outro auxílio, como o bolsa família. Isso faz com que com a perda de empregos traga mais impacto”, diz o pesquisador.
A moradora da Estrutural Neuriene Dias é uma das que perderam renda durante a pandemia da Covid-19. Ela conta que ficou desempregada e passou a morar de favor na casa de parentes.
“Ou eu pagava aluguel, ou comia e passava necessidade, né. Ultimamente tá tudo caro”, diz a moradora de Brasília.
Sem emprego
Neuriene é uma das 308 mil pessoas sem emprego no DF, segundo o mais recente balanço realizado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), referente a julho. O índice corresponde a 18,7% da população de Brasília.
Apesar do número, o total de desempregados em 2021 é menor do que no mesmo período do ano passado, quando a taxa chegou a 21,6%.
A pandemia também impactou quem trabalhava como autônomo. Claudia Ferreira, diarista, conta que perdeu as clientes. Mãe de um filho, e grávida do segundo, ela vive do auxílio emergencial de R$ 375.
“Antes, a gente podia fazer um bico aqui, outro ali. Hoje a gente não pode mais. Eu recebo o auxílio, mas só o auxílio não dá, né”, diz Neuriene.