O isolamento social, causado pela pandemia do novo coronavírus, afetou de diferentes maneiras as pessoas. O brasiliense Alan Schvarsberg, de 35 anos, por exemplo, passou a observar mais a vizinhança, por meio da janela.
O olhar resultou em um filme. “Aquelas Janelas” traz um ensaio poético sobre descobertas e reflexões feitas a partir da janela de um apartamento da Asa Norte, na região central de Brasília.
- Veja aqui a íntegra do filme.
Segundo Alan, logo no inicio da quarentena, em março, ele começou a filmar e fotografar o que era possível ver pela abertura que tinha para o mundo. O conteúdo produzido era publicado em uma rede social.
“A internet se tornou o lugar pra escoar imagens cotidianas que pudessem trazer esses pequenos respiros.”
Nesse olhar para a vizinhança, Alan diz que encontrou pessoas – dentro do ambiente doméstico – que dançavam, outras que faziam atividades físicas e até indivíduos solitários. “Aos poucos, os ‘personagens’ foram surgindo e alguns se destacando”, conta
Com o apoio e auxílio de um edital para trabalhos audiovisuais, Alan deu forma ao conteúdo compartilhado em seu perfil no Instagram. Para ele, o documentário tem a ver com encontrar “sentidos, significados e subjetividades no que muitas vezes nos passa batido”.
“O que à primeira vista pode ser banal, se olharmos com calma, se treinarmos nosso olhar, podemos encontrar beleza, mistério e esplendor.”
Seis países, um filme
Já a cineasta Mykaela Plotkin viveu, nessa quarentena, a experiencia de criar um filme junto com uma equipe de pessoas isoladas em quatro países diferentes: Brasil, Uruguai, México e Canadá.
Com pouco mais de um minuto, o vídeo “As coisas acontecem dentro de casa” narra um romance virtual durante o isolamento, ao mesmo tempo em que incentiva as pessoas a ficarem em casa. O filme tem versões em português, espanhol e inglês.
- Assista aqui “As coisas acontecem dentro de casa”.
Mykaela é pernambucana, mas mora em Brasília há três anos. Em janeiro, ela viajou para o México para trabalhar na produção de um longa-metragem, no entanto, com a quarentena imposta pela pandemia, a cineasta ficou isolada no país latino americano.
Roteiro do filme
Segundo Mykaela, o roteiro do filme nasceu das reflexões de um diário. “Durante a pandemia eu escutava uma música que dizia: e agora o que vamos fazer pra amar, amar e amar? E eu brincava me perguntando: e agora o que vamos fazer pra filmar, filmar?”
“O filme foi uma forma de responder a minha pergunta.”
Participaram do filme, remotamente, seis fotógrafos que estavam na Cidade do México, no Canadá e no Brasil. A edição e colorização foi feita à distância, no Uruguai. E o desenho de som e mixagem, foram produzido em um estúdio brasileiro.
“É lindo porque três dos fotógrafos eu nunca vi na vida. Conheci pelo instagram, nessa vontade de colaboração.”
‘Expedição Fotográfica Globo da Janela’
Durante o isolamento social, o projeto “Expedição Fotográfica Globo da Janela”, também foi responsável por divulgar fotos das janelas espalhadas pelo Brasil inteiro. A ideia, foi mostrar os registros a partir da percepção que cada pessoa tem, dentro de casa.
Entre os meses de abril e maio, no Distrito Federal foram 6,2 mil fotos tiradas a partir das janelas e postadas com as hashtags #ExpedicaoGloboDaJanela #dfdajanela